quarta-feira, 9 de maio de 2018

EXPOSIÇÃO/HOMENAGEM A ARTUR CORREIA EM MOURA: A REPORTAGEM

Entre os dias 15 e 26 do passado mês de Abril, esteve patente em Moura uma exposição/homenagem a Artur Correia, conforme fomos noticiando aqui no BDBD.
Inserida na 38.ª edição da Feira do Livro de Moura, a exposição contou com muito material inédito, exposto pela primeira vez em público.
Tratava-se de um projecto pensado e programado para homenagear o autor ainda em vida pois que, desde 1994, quando foi "Convidado de Honra" do salão Moura BD, Artur Correia manteve uma relação de amizade e de proximidade muito grandes com aquela cidade.
Com presença e participação assíduas nos salões e nas exposições que a Câmara Municipal de Moura tem promovido regularmente, Artur Correia participou, também, no álbum colectivo "Salúquia: a lenda de Moura em banda desenhada", com uma história em cinco pranchas, e foi um elo de ligação importante para estabelecer uma parceria entre o salão Moura BD e o Cinanima (Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho), em 2011 e 2013.
Impunha-se, pois, em Moura, uma exposição individual que fizesse juz à obra imensa de Artur Correia.
As imagens que vos disponibilizamos dão apenas uma pálida ideia do que foi esta exposição, com material absolutamente fabuloso que maravilhou todo o público que a visitou.
Início da exposição com um painel biográfico e molduras com as primeiras obras publicadas de Artur Correia; na estante em primeiro plano, material relacionado com o cinema de animação (storyboard para um filme do Gil, cassetes VHS, discos dos "Meninos Rabinos" e publicações com a "Família Prudêncio" e o "Vitinho").
Nas estantes em primeiro plano, Cartões de Natal e de Aniversário, a maioria deles com uma ilustração que se desdobrava e erguia quando o cartão era aberto. Pequenas obras de arte até agora desconhecidas pelo público...
Mais cartões personalizados que Artur Correia dedicava, ciclicamente, ao filho, Artur José. Aqui, por exemplo, temos um Jogo da Glória (à esquerda, com fundo verde) onde cada casa tem uma ilustração relacionada com um episódio de vida de Artur Jr. Uma pequena maravilha que levou, certamente, horas a realizar.
Da esquerda para a direita, pranchas de "A Água que Bebemos"; capas para cadernos escolares; capa e pranchas de "O País dos Cágados" e capa e pranchas de um projecto que não avançou mais por falta de apoios: "A Alegre História de Lisboa". Na estante, publicações escolares, jogos, postais ilustrados, recortes de jornal...

Seis pranchas inéditas para "À Roda do Tacho" que ficaram "na gaveta".
Seriam posteriormente substituídas por outras com texto de António Gomes Dalmeida.
À esquerda, BD curta "A Rota" e cartunes publicados no álbum de Jorge Magalhães "Vasco Granja... uma Vida 1000 Imagens" (Ed. Asa); à direita, cartunes realizados para o Gicav, sobre personagens da História de Portugal (Viriato, Infante D. Henrique, Serpa Pinto e D. Afonso Henriques).
Projecto "Ora vamos lá a Pintar", livros de colorir para crianças, proposto ao Jardim Zoológico de Lisboa
mas nunca aprovado...
Publicação onde António Gomes de Almeida escreve sobre o amigo Artur Correia
Storyboard para um filme do Gil (Expo 98), cassete VHS com filmes de Artur Correia
e discos de vinil com músicas dos Meninos Rabinos.
Cartões de Natal e charada personalizados.
Mais cartões de Natal e de Aniversário. À direita, em baixo, cartão de Natal em formato de
pequeno livro BD, desenhado a esferográfica e colorido a lápis de cor.
Uma das peças mais interessantes desta exposição, sem dúvida.
O Jogo da Glória (de que já falámos antes) e um Cartão de Natal desdobrável fabuloso.
As viagens de Artur Jr. à China serviram, também, de tema para postais 3D. 
Um belo calendário de parede e cartões de aniversário. Quem não gostaria de receber um destes? 
Pranchas de "Donzela que vai à guerra" e "A Nau Catrineta",
histórias publicadas no #10 dos Cadernos Moura BD.
Pranchas de "Todo o Mundo e Ninguém" e de "Auto da Mofina Mendes",
histórias completas que se mantêm inéditas.
Últimos trabalhos de Artur Correia (ambos incompletos): "As guerras de Alecrim e Manjerona" e "A Bela Infanta".

Inauguração da Feira do Livro
José Pires e Nélson Martins, à conversa.
Momento em que a família Correia observava os painéis com as
manifestações de homenagem a Artur Correia pelos colegas e amigos deste.
Quando partimos para este projecto estávamos cheios de entusiasmo, na esperança de que o Artur recebesse, finalmente, em Moura, o reconhecimento público que tanto merecia.
Tal não foi possível porque o Artur nos deixou antes. Mas o processo estava desencadeado e a Câmara Municipal de Moura avançou mesmo para o que seria já uma homenagem póstuma e, talvez por isso, mais sentida ainda.
Assim, no dia 21 de Abril, sábado, pelas 17:00 horas, teve lugar a sessão de homenagem no Pavilhão 2 do Parque de Feiras e Exposições de Moura.
Antes da sessão propriamente dita, espaço para o convívio e a troca de impressões entre a família bedéfila que se deslocou a Moura.
Cristina Gouveia, o marido desta e Paulo Monteiro com a Banda Desenhada
como tema de conversa.
Cristina Gouveia e o marido, Mara Mendes (em segundo plano), Carlos Rico e Paulo Monteiro.
Artur Correia foi a razão para juntar em Moura uma pequena tribo da BD...
Luiz Beira "aos papéis" com Paulo Monteiro. Duas gerações, a mesma paixão pela banda desenhada.
Pedro Massano, Baptista Mendes e Carlos Moreno, momentos antes do início da sessão.
Luiz Beira, Carlos Gonçalves, Cristina Gouveia, Paulo Monteiro e Susa Monteiro.
A sessão de homenagem decorreu numa zona reservada para o efeito, mesmo ao lado da exposição. Na mesa, o Presidente da Câmara, Álvaro Azedo, Cristina Gouveia (que substituiu, em cima da hora mas com grande brilhantismo, António Gomes de Almeida, acometido de uma súbita crise do nervo ciático que, infelizmente, o impediu de comparecer à cerimónia), Carlos Rico (comissário da exposição) e Artur José Correia (filho único de Artur Correia que representou a família).
Entre o público presente, contavam-se Maria Belmira Correia e Antónia Correia (esposa e nora de Artur Correia), e muitos amigos e colegas do artista que se deslocaram (sozinhos ou com os respectivos cônjuges) a Moura para assistirem a esta sessão: Baptista Mendes, José Pires, Pedro Massano, Nélson Martins, Mara Mendes, Carlos Gonçalves e Carlos Moreno (do CPBD), Lança Guerreiro, Luís Filipe Mendes (do Gicav), Paulo Monteiro e Susa Monteiro (do Festival de Beja), Rui Domingues e Luiz Beira.
Maria Belmira e Antónia Correia assistindo à sessão. 
Lança Guerreiro, Luiz Beira, José Pires, Nélson Martins e Susa Monteiro.
A sessão teve início com o Presidente da Câmara Municipal de Moura, Álvaro Azedo (que confessou ser um veterano coleccionador de banda desenhada), dando as boas vindas aos presentes e manifestando o seu apreço pela magnífica obra que Artur Correia nos deixou. Declarou, também, o Presidente, a sua disponibilidade total para apoiar futuras iniciativas BD em Moura e aproveitou a presença de Luís Filipe Mendes para reforçar uma parceria existente com o Gicav há alguns anos e que se pretende manter.  
Álvaro Azedo, Presidente da Câmara Municipal de Moura, abriu a sessão
Em seguida, Carlos Rico teve oportunidade de explicar quais os critérios que foram seguidos na selecção do material que compunha a exposição. Falou, também, sobre a escolha das duas histórias inéditas que se publicaram em mais um número da colecção "Cadernos Moura BD", "Donzela que vai à guerra" e "A Nau Catrineta".
Cristina Gouveia falou, depois, sobre a última entrevista que fez a Artur Correia, há poucos meses, e relembrou as qualidades humanas do banda desenhista, de forma bastante emotiva.
Foi também com muita emoção que Artur José relembrou o homenageado, enquanto Pai e enquanto Artista, agradecendo à Câmara Municipal de Moura a iniciativa, e manifestando-se maravilhado com a exposição, em especial com os testemunhos escritos e desenhados de colegas e amigos de Artur Correia que corresponderam ao apelo feito pela organização.
Por último, Carlos Rico chamou à mesa os representantes dos festivais BD de Beja (Paulo Monteiro) e de Viseu (Luís Filipe Mendes) bem como Baptista Mendes, um dos grandes amigos de Artur Correia, para dizerem algumas palavras sobre o homenageado, terminando, assim, com chave de ouro, uma homenagem que consagrou um autor ímpar da nossa BD.
Paulo Monteiro contou um episódio curioso, que confirmou o sentido de humor
que Artur Correia tinha, e que fez sorrir todos os presentes.
Luís Filipe Mendes falou sobre a relação entre o Gicav e Artur Correia.
Terá sido para o Gicav que o artista desenhou o seu último esboço,
sobre a figura de Grão-Vasco.
Baptista Mendes recordou essencialmente o Amigo e referiu que o que mais
apreciava na obra de Artur Correia eram os pormenores que o autor inseria nos desenhos,
que contavam, por vezes, pequenas histórias dentro da história principal.
Depois foi altura de conviver mais um pouco no espaço da feira e aproveitar a ocasião para programar projectos e parcerias.
Artur José Correia e Lança Guerreiro

Luiz Beira e Artur José Correia
Carlos Gonçalves (à direita) visitou pela primeira vez
uma exposição BD em Moura. Já não era sem tempo, Carlos...

Luiz Beira fazendo despesa no bar da Feira.
Rui Domingues e Luiz Beira em conversa mais ou menos animada...
Carlos Rico à conversa com Nélson Martins.



Luís Filipe Mendes e a esposa Natália conversando com o Presidente Álvaro Azedo.
A parceria entre a CM Moura e o Gicav é para continuar.
Da esquerda para a direita: Amélia Baptista Mendes, Artur José Correia, Mara Mendes,
Maria Belmira Correia, Lança Guerreiro, Luiz Beira, Carlos Baptista Mendes,
Carlos Rico, Paulo Monteiro e Susa Monteiro.


Seguiu-se um jantar, no Restaurante "O Túnel", que se prolongou noite dentro e onde a gastronomia alentejana e o convívio foram bastante agradáveis, como sempre acontece em Moura, quando estas reuniões bedéfilas têm lugar.

No final do jantar, Artur Jr. confidenciava-nos: "Agora percebo porque é que o meu pai gostava tanto de Moura"...
CR

Nota: Agradecemos a Kira, Irene e Adriana Rico a cedência das fotos que ilustram este post.

3 comentários:

  1. EXcelente exposição. Depois de ver isto...que "inveja" por não poder estar nesse dia. Mas fui no 25 de Abril e pude usufruir da exposição. Os Cadernos Bd também foram uma bela iniciativa e com uma qualidade surpreendente. Parabéns aos organizadores. Continuem...................

    Letrée

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  2. mais uma vez me colocaram lágrimas nos olhos... Não tenho suficientes palavras de agradecimento.

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  3. Uma exposição fabulosa e uma homenagem mais do que merecida. Tenho muita pena de não ter estado presente. Um abraço, Carlos Rico.

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