domingo, 16 de fevereiro de 2014

LITERATURA E BD (3) - JÚLIO DINIZ NA BANDA DESENHADA

Júlio Diniz (1839-1871)
Há quem escreva agora Diniz com um s final em vez do z!... Será que alguém teve autorização do autor para tal mudança?!... E há ainda quem pronuncie (será uma chiqueza parva?) Denis em vez de Diniz... Presunções!
Júlio Diniz é o pseudónimo de Joaquim Guilherme Gomes Coelho, nascido a 14 de Novembro de 1839 no Porto, onde faleceu a 12 de Setembro der 1871, vítima de tuberculose, doença que já fora fatal a sua mãe e que acabou por levar também os seus oito irmãos.
Terminou o seu curso de Medicina com alta classificação a 27 de Julho de 1861 na Escola Médico-Cirúrgica do Porto. Mas a doença já o minava e ia progredindo implacavelmente, e de nada lhe valeu o ir residir em ambientes mais puros (Grijó e Ovar, por exemplo), donde também a ilha da Madeira, vindo a falecer com quase trinta e dois anos.
Mas é uma glória portuguesa, sobretudo como escritor, ou seja, como Júlio Diniz.
Chegou a assinar alguns ingénuos textos com o pseudónimo de Diana de Aveleda.
Pela sua  bibliografia contam-se sobretudo, poemas ("Poemas", livro editado postumamente em 1873), contos, teatro ("O Casamento da Condessa de Amieira", "Os Anéis ou Os Inconvenientes de se Namorar às Escuras", "As Duas Cartas", "A Educanda de Odivelas", etc.) e, em posição de honra, os quatro romances que escreveu: "As Pupilas do Senhor Reitor" (1867), "Uma Família Inglesa "(1868, por alguns analistas considerado como uma obra-prima), "A Morgadinha dos Canaviais" (1868) e "Os Fidalgos da Casa Mourisca" (publicado postumamente em 1871, ano da sua morte).
Como cita Feliciano Ramos na sua "História da Literatura Portuguesa", "a estilização do artista não destruiu a nota de encantador regionalismo e, já que embuído pelos aspectos nortenhos de Portugal, foi um ponto intermédio, ou seja, um seguidor do idealismo romântico e um precursor do realismo".

Na Arte da Banda Desenhada, Júlio Diniz não está esquecido:
Em oito fascículos, esgotadíssimos e editados pela extinta Agência Portuguesa de Revistas, publicou-se em 1954, "Os Fidalgos da Casa Mourisca" por Carlos Alberto (que não aprecia com bons olhos esta sua criação) com algumas capas por José Manuel Soares.
Capas de José Manuel Soares...

...e pranchas de "Os Fidalgos da Casa Mourisca", por Carlos Alberto (1954)

Por sua vez, Baptista Mendes adaptou à banda desenhada a biografia do grande escritor, em duas pranchas, publicadas no "Jornal do Exército" (em 1976), no jornal "Alentejo Popular" (em 2010) e, mais recentemente, no n.º 65 da revista "Anim'arte". 
"Júlio Diniz", por Baptista Mendes ("Jornal do Exército", 1976)

Baptista Mendes é também o autor de dois excertos de "As Pupilas do Senhor Reitor", publicados no "Jornal do Exército" e depois republicados no "Mundo de Aventuras": "Para Ver o Sol Andar" (MA/341) e "O Médico da Aldeia" (MA/416).
"Para Ver o Sol Andar...", por Baptista Mendes ("Jornal do Exército", 1978)

"O Médico da Aldeia", por Baptista Mendes ("Jornal do Exército", 1978)

E é no sempre atento e fraterno Brasil, que a extinta EBAL editou duas obras de Júlio Diniz: "A Morgadinha dos Canaviais" por Nico Rosso (de origem italiana) em "Edição Maravilhosa" n.º 147 (Maio de 1957)...


Capa e pranchas de "A Morgadinha dos Canaviais", por Nico Rosso
("Edição Maravilhosa", 1957)

...e "As Pupilas do Senhor Reitor" por Marcelo Monteiro e capa de Antônio Euzébio, em "Edição Maravilhosa" n.º 180 (Agosto de 1959).
"As Pupilas do Senhor Reitor", com capa de Antônio Euzébio...


...e pranchas de Marcelo Monteiro ("Edição Maravilhosa", 1959)

Seria fácil ficarmos por aqui, mas avançamos com mais umas achegas, embora noutras Artes, de adaptações da obra de Júlio Diniz, agora ao Cinema e à Televisão...

Terá sido entre 1959 e 1961, que a nossa RTP transmitiu uma adaptação de "Uma Família Inglesa" (ao fim e ao cabo, terá sido a nossa primeira telenovela). Lembro-me (eu, LB) de então ter visto alguns episódios... Contactei a RTP para obter melhores dados. Breve tempo depois, gentilmente, responderam-me que não me podiam valer pois nada lhes constava nos arquivos sobre este assunto!... Que estranho, mas paciência!

Entretanto, aconteceram filmes e seriados:

A MORGADINHA DOS CANAVIAIS, em 1949, com realização de Caetano Bonucci e Amadeu Ferrari; e em 1990, versão da qual não temos mais dados...
"A Morgadinha dos Canaviais" (versão de 1949)

OS FIDALGOS DA CASA MOURISCA, em 1921,com realização de Georges Pallu; em 1938, com realização de Arthur Duarte; em 1964, com realização de Pedro Martins e, no Brasil, em 1972 (desconhecem-se melhores dados).

AS PUPILAS DO SENHOR REITOR, em 1924, com realização de Maurice Mauriad; em 1935, com realização de Leitão de Barros; em 1961, com realização de Perdigão Queiroga, com actores portugueses e brasileiros; em 1970, telenovela brasileira (desconhece-se o realizador); 1995, nova versão em telenovela brasileira (também se desconhece o nome do realizador); 2005, série portuguesa da RTP, com o nome de "João Semana", numa bizarra e trapalhona adaptação, talvez apenas para forçar a interpretação de Nicolau Breyner... (Acontece!).
Abertura da telenovela brasileira "As Pupilas do Senhor Reitor" (versão de 1995) 

E pronto! Se descobrirmos mais dados, eles aqui virão parar. Entretanto, procurem ler Júlio Diniz, que não vos faz mal nenhum.
LB

1 comentário:

  1. As Guidas que se espalham por Portugal e Brasil são frutos da imaginação de um gênio.

    ResponderEliminar